Um dia foi me proposto um desafio: escrever uma crônica baseada no expressionismo. Eu e meu pessimismo fluente e por assim dizer passageiro, me inspirei em um futuro macabro mas quase certo, decidi nele transpor todo o medo e angústia provocados pelo mal da poluição.
Eis o texto:
Por Mateus Ribeiro
Sábado, dia comum para consumo
Amanhece e logo abro a janela, aos poucos vou abrindo os olhos também. À medida que respiro o ar matinal a dor de cabeça que me acompanha se acentua. Hoje a brisa está carregada, suja e pesada, hoje se inspira fumaça e expele-se pó.
Procuro avistar o céu, mas ainda está escuro demais para fitá-lo, creio que durante a tarde o já estará mais claro e poderei sentir os violentos raios solares entrarem laranjados pelas persianas sintéticas.
Em meio ao breu é possível assistir ao engarrafamento que entope todas as ruas, becos e vias desta cidade regida por buzinas, tiros e gritos ensurdecedores.
Olho para o jardim procurando aliviar o olhar e amenizar a cabeça dolorida que continua a latejar, mas vejo apenas uma chuva de pássaros que a todo momento encontram um projétil perdido pelo céu.
É... já não se pode voar como antes... quanto mais andar...
Pego meu casaco à prova de balas e meu guarda-chuva também blindado, resolvo dar um passeio em plena manhã de sábado; isso com o intuito de relaxar e aliviar o estresse. Após cinco minutos de passos largos pela calçada de concreto, um estrondo pôde ser ouvido e um corpo reconhecido, meu terapeuta estava estático ao meu lado, estendido no chão áspero da rua em frente ao edifício onde trabalhava.
Pouco tempo depois estava eu caminhando novamente, agora cada vez mais rápido, quase correndo, quando senti o gosto na boca. Um escarro de sangue descia pela língua e uma forte tontura invadiu minha cabeça, tentei em vão equilibrar-me no portão enferrujado, mas já era tarde, estava só no meio da multidão de gente apressada como eu. Era chegada a hora... Sinos soaram.
Hoje foi o dia no qual eu voltei ao pó.
Um dia em plena manhã de morte.
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Notem um trecho desse texto datilografado na imagem de cabeçalho do blog
Acho que eu estava muito inspirado.
Particularmente foi uma das minhas melhores crônicas.
Comenta aê.
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Notem um trecho desse texto datilografado na imagem de cabeçalho do blog
Acho que eu estava muito inspirado.
Particularmente foi uma das minhas melhores crônicas.
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1 loucos fugidos comentaram. Comente você também!!:
Consegui ver um filme enquanto lia. Muito descritivo, porém drástico. Belo texto!
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